O livro "Por Trás do Véu - a história da primeira igreja pentecostal brasileira", de autoria de Marcelo Ferreira foi lançado no início deste ano pela Editora Betesda, e pretende contar a história da Congregação Cristã no Brasil (CCB) e também desvendar bastidores que os estudiosos da denominação não tinham acesso.
Na ocasião do lançamento do livro, o autor ainda era membro da CCB, porém cerca de dois meses após a publicação Marcelo foi chamado à uma reunião com a cúpula da denominação e foi excluído da mesma. Esta exclusão resultou numa ampliação do livro e lançamento da segunda edição no final do mês passado.
Leia abaixo uma resenha do livro feita pelo próprio autor:

Conheça o livro " Por trás do Véu"

Ao leitor
Até hoje, muito se escreveu a respeito de uma das maiores denominações evangélicas do Brasil. E isso por conta de sua marcante presença no cenário evangélico. Estamos falando da Congregação Cristã no Brasil.

Um dos problemas mais complicados que alguém pode encontrar quando se empenha em pesquisar a historicidade de um povo, de um segmento religioso ou de uma organização denominacional é, sem sombra de dúvidas, a falta de informações, ou seja, de dados remanescentes de fácil acesso. Quando isso acontece, é porque não houve interesse, por parte da instituição pesquisada, em preservar, em conservar a sua memória.

A CCB, em toda a sua existência, pouco relatou, de forma documental, a si própria como sendo uma denominação, e muito menos registrou a história dos principais personagens envolvidos em sua fundação e expansão, tanto dentro quanto fora do Brasil.

E agiu dessa forma porque compreendia que se escrevesse muito, detalhando o trabalho de todos os seus membros, poderia incorrer numa espécie de idolatria aos seus personagens e, dessa forma, ofuscar a obra do Espírito Santo.

Podemos, ainda, perceber que, ao omitir certos fatos, a CCB teria a facilidade de não ter de esclarecer algumas dúvidas perenes aos seus membros que, por esse motivo, desconhecem totalmente a verdadeira história de sua denominação.

Aliados à crença de que todas as decisões do ministério dizem respeito à "vontade de Deus", quase todos os seguidores da CCB aceitaram suas vagas explicações, sem questioná-las. Afinal, segundo acreditam, são os "únicos representantes de Deus na terra", por isso se submeteram, sem nenhuma restrição, à ditadura dos "ungidos de Deus", como eles gostam de se referir um ao outro.
Foi justamente isso que causou um grande abismo entre os primórdios da CCB e suas transformações atuais. Lamentavelmente, pouco se escreveu sobre a primeira denominação evangélica pentecostal que chegou ao Brasil.

Mas, impulsionado por Deus e pelo desejo empreendedor e pesquisador, e também pela necessidade gritante de uma resposta para essa diferente forma de agir na obra de Deus, conseguimos ferramentas e acessórios importantes que nos ajudaram não apenas a transpor este abismo, mas também a descer até o fundo dele. E, graças a Deus, essas preciosas informações irão nos fazer compreender esse tipo diferente de evangelismo praticado pela CCB. E não só isso. Iremos, ainda, por meio dessas informações, compreender as consideráveis transformações pelas quais a CCB passou ao longo de toda a sua existência.

Foram anos de muito trabalho e pesquisa, realizados com esmero e dedicação. Mas, agora, podemos retratar a intimidade ainda não abordada da CCB.

Anteriormente, muitos pesquisadores, estudiosos e escritores acirraram seus comentários baseados apenas e tão-somente nas diferenças doutrinárias, de usos e costumes, dessa denominação. Infelizmente, deixaram de abordar, com mais informações, a transformação e os principais fatos ocorridos ao longo da trajetória da CCB. Com isso, deixaram lacunas difíceis de serem interpretadas, tanto em relação à história da CCB e à grande contribuição de seus primitivos membros.

Em verdade, a CCB, como igreja, colaborou sim, e ainda colabora (sendo uma das ferramentas de Deus), com a divulgação das boas-novas do evangelho. Em seus templos, milhares de pessoas receberam, e ainda recebem, a pregação da Palavra de Deus, que transmite vida, e são libertas da escravidão do mundo, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.

Mas, lamentavelmente, a falta de estudo da Palavra de Deus levou seu ministério a exercer características radicais e exclusivistas ao longo do tempo. E, por esse motivo, estabeleceu-se uma cultura oral que é a base do atual "sistema" (se é que podemos chamar assim) da CCB. Sistema esse que, quando analisado mais a fundo, contradiz a história inicial dessa denominação e choca seus membros recém-chegados e até mesmo os mais antigos.

Apesar de tudo isso, devemos lembrar que o povo da CCB é dedicado, fervoroso, fiel. O que depõe contra eles é o fato de não serem convencionais quanto à fé cristã. Agem dessa maneira por conta da cultura oral (diferente dos demais evangélicos) perpetuada pelos princípios que absorveram, inocente e sutilmente, ao longo do tempo. E fizeram isso sem questionar, levados, principalmente, pela falta de instrução e de uma interpretação mais profunda de certos pontos da Bíblia. Ou seja, não se dedicam ao estudo da Palavra.
Por isso, consideramos importante e necessário levantar dados históricos, declarações e documentos (dos mais diversos países) para que possamos compreender melhor os seguintes fatos:

- O trabalho do missionário Louis Francescon e seus companheiros na antiga Chicago, EUA, no início do século 20.
- A Assembléia Cristã de Chicago e seu contato com o avivamento do Espírito Santo.
- Seu avanço missionário nas comunidades italianas na Europa e América do Sul.
- O início do pentecostalismo no Brasil.
- As práticas da Congregação Cristã nos seguintes períodos: início, durante as transformações e nos dias atuais. Suas posições doutrinárias em relação ao contexto evangélico.
E como muitos irmãos dessa denominação entendem os principais pontos de sua fé e doutrina.

De acordo com a Palavra de Deus, trazemos algumas respostas para esclarecimento e reflexão sobre os principais pontos de questionamento da doutrina e dos usos e costumes praticados por essa denominação.

O caráter deste trabalho é baseado na união e no temor do Senhor e na sua Palavra, procurando sempre manter a imparcialidade. Não esgotamos aqui todos os fatos, mudanças e acontecimentos, mas abordamos o que consideramos ser o foco principal da análise que, com a ajuda de Deus, pode nos trazer compreensão e luz para a atual situação da CCB.

Finalizando, gostaria de dizer que o meu desejo é responder, com "mansidão e temor", àqueles que nos indagam a respeito da esperança que há em nós, conforme está escrito em 1Pedro 3.15.
A minha proposta é que o leitor faça uma reflexão sincera sobre os pontos aqui abordados.

Por isso, convido-o a pegar a sua Bíblia Sagrada e examiná-la. Viaje comigo pela história da CCB, que, nesta obra, será contada de maneira séria, imparcial e fraterna. Antes de tudo, é um alerta.
Que ao Senhor Deus, em nome de Jesus Cristo, sejam a glória, a soberania, o poder, a majestade e o louvor pelos séculos dos séculos!
O Autor

Fonte: Blog Teologia Básica CCB