Apologia ao Perdão Divino dos Pecados de Adultério e Fornicação - Sobre a Impropriedade dos “Cortes de Liberdade” da CCB

Pontos de doutrina e da Fé que Uma Vez Foi Dada aos Santos

9. Nós cremos na necessidade de nos abster das coisas sacrificadas aos ídolos, do sangue, da carne sufocada e da fornicação, conforme mostrou o Espírito Santo na Assembléia de Jerusalém (Atos 15:28-29; 16:4; 21:25).

A Palavra de Deus nos afirma que “as suas misericórdias não têm fim” e que elas “se renovam a cada manhã” (Lm 3.22-23). “Se Deus nos perdoasse o mesmo pecado uma só vez, estaríamos perdidos. Ele não mostra a sua graça ou estende a sua mão uma única vez. As Escrituras garantem que as suas misericórdias ‘renovam-se cada manhã’” (Revista Ultimato. Pastorais. Nº 311. 2008. Editora Ultimato. Viçosa - MG).
Uma prova disso é o que está escrito em Isaias 11.11: “Naquele dia o Senhor estenderá de novo a mão para resgatar o remanescente do seu povo”, referindo-se a Israel, que naquele momento se encontrava cativo, por sua desobediência ao Senhor.
Ora, se nós, que somos maus, devemos perdoar-nos uns aos outros 490 vezes por dia (70 x 7), quanto mais será capaz de nos perdoar Aquele único que é bom, mediante nosso arrependimento?
Porém, não obstante o que nos diz as Sagradas Escrituras, através dos seus profetas e do próprio Senhor Jesus, o Cristo, algumas igrejas insistem em limitar o poder e o amor de Deus, e a delimitá-lo a determinadas circunstâncias que julgam “razoáveis”. Exemplo disto é o que ocorre na Congregação Cristã no Brasil (CCB).
Ao longo dos seus quase cem anos de fundação, ela promoveu e difundiu uma interpretação bastante peculiar do conceito de pecado de morte. Em tese, crêem que a blasfêmia contra o Espírito Santo seja, também, pecado de morte, mas, na prática, para ela este pecado refere-se ao sexo fora do casamento, seja ele praticado por um casal de namorados (ainda que uma única vez) ou por um cônjuge infiel.
Ora, não existe, biblicamente falando, nenhum subsídio para se afirmar que adultério ou fornicação sejam “pecados de morte”, ou, mais corretamente falando, pecados para morte espiritual. Entendemos que pecado para morte é aquele que não pode ser perdoado e, segundo Jesus, “todo tipo de pecado e blasfêmia será perdoado aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada” (Mateus 12.31). É verdade também que Apocalipse 22.15 nos diz que os adúlteros não entrarão no céu. Porém, na continuação, o mesmo se afirma em relação aos mentirosos, mas nem por isso se prega que a mentira é “pecado de morte”.
O entendimento que o Espírito Santo nos tem dado acerca desta matéria, é que as pessoas que cometem tais pecados devem ser exortadas com amor, à luz da Palavra de Deus (Bíblia) e sem ameaças de qualquer ordem, a não mais os praticarem. Lembremo-nos sempre do que Jesus disse aos escribas e aos fariseus, quando estes lhe apresentaram uma mulher pega no próprio ato de adultério: “Quem dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra” (João 8:7).
A lição deste episódio, que escapa a muitos, é a seguinte: “não condene o seu irmão que concretizou um determinado pecado, porque você está tão sujeito a cometê-lo quanto ele”. Na prática, as consequências de um pecado consumado e de um pecado apenas desejado, podem realmente ser muito diferentes. Porém, para Deus, do qual ninguém pode dissimular nada, as pedradas desferidas por aqueles que hipócritamente condenam o seu irmão, mesmo sendo tão impuros quanto ele, caracterizam-se em delito espiritual tão abominável quanto o próprio erro daquele que está sendo apedrejado.
João também escreveu dizendo: “Se dissermos que não temos pecado algum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não temos cometido pecado, nós o tornamos mentiroso, e sua palavra não está em nós” (1 João 1:8-10). João disse ainda que se pecarmos temos um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo, que é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo mundo (1 João 2:1-2).
O apóstolo Tiago nos ensina que “se algum de vós se desviar da verdade e alguém o reconduzir a ela, sabei que aquele que fizer um pecador retornar do erro do seu caminho salvará da morte uma vida e cobrirá uma multidão de pecados” (Tiago 5:19-20).
Um dos maiores exemplos bíblicos do perdão divino acha-se em Davi. O rei Davi, de cuja linhagem humana descendeu Jesus, cometeu pecados graves, mas Deus o perdoou, mediante a confissão do seu pecado e do seu arrependimento. Ele escreveu: “Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada e cujo pecado é coberto” (Salmo 32:1). E: “Confessei-te o meu pecado e não encobri minha culpa. Eu disse: confessarei as minhas transgressões ao Senhor; e tu perdoaste a culpa do meu pecado. Assim, todo homem piedoso te fará súplicas em tempo de poder te encontrar” (Salmo 32:5-6).
Porém, estejamos atentos às advertências contidas em Romanos 6:12-13: “Portanto não reine o pecado em vosso corpo mortal, a fim de obedecerdes aos seus desejos. Tampouco apresenteis os membros do vosso corpo ao pecado como instrumentos do mal; mas apresentai-vos a Deus como vivificados dentre os mortos, e os membros do vosso corpo a Deus como instrumentos de justiça”; em Hebreus 10:26-27: “Se continuarmos intencionalmente no pecado, depois de receber o pleno conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma terrível expectativa de juízo e um fogo ardente que destruirá os adversários”; e no capítulo 12 e versículos 16 e 17 do mesmo livro: “Ninguém seja imoral ou profano, como Esaú, que por uma simples refeição vendeu o seu direito de primogenitura (...) e não achou lugar de arrependimento, ainda que o buscasse com lágrimas”.
Outrossim, não encontramos base bíblica neotestamentária para a exclusão, e nem sequer para o afastamento temporário de membros do seio da igreja. A salvação é individual, e aqueles que tomam as atitudes descritas nas três últimas citações bíblicas acima, receberão sobre si os castigos descritos nas Sagradas Escrituras, sem a necessidade de qualquer ato restritivo da liberdade litúrgica (“perda da liberdade”) por parte do Ministério da igreja. Está escrito: “a obra de cada um se manifestará; pois aquele dia a demonstrará, porque será revelada pelo fogo, e o fogo testará a obra de cada um” (1 Cor. 3:13); e também: “(...) as boas obras aparecem com antecedência, e as obras más não podem permanecer ocultas” (1 Timóteo 5:25).
Temos plena ciência do texto de 1 Coríntios, capítulo 5, e da punição que Paulo sugere que se faça. Entretanto, salientamos que ali ele se referia a práticas específicas daquela igreja, e que extrapolavam até mesmo os limites morais das pessoas mundanas, sendo, portanto, completamente intoleráveis aos cristãos. Corresponderiam hoje, em gravidade, a atos tais como estupro e práticas incestuosas que, além de pecados, são crimes, puníveis não somente pela lei de Deus, mas também dos homens. É por essa razão que o apóstolo já inicia o capítulo dizendo: “De fato, ouve-se que há imoralidade entre vós, e imoralidade do tipo que nem mesmo entre os gentios se vê, a ponto de alguém manter relações sexuais com a mulher de seu pai” (1 Cor. 5:1).
Apesar disso, cremos que nenhum ser humano possui legitimidade para condenar o servo alheio, pois é para seu próprio senhor que ele está em pé ou cai; mas estará firme, pois o Senhor é poderoso para o firmar (Rom. 14:4).
Para finalizar, queremos ressaltar que nós não fazemos apologia ao pecado , e sim ao perdão de Deus na vida do pecador. Repudiamos veementemente qualquer doutrina que induza as pessoas à libertinagem e ao desrespeito sistemático à Palavra de Deus.