Comentário Apologético Sobre o Ponto de Doutrina nº 9 da CCB

9º - Devemos nos abster das coisas sacrificadas aos ídolos, do sangue, da carne sufocada e da fornicação, conforme mostrou o Espírito Santo na Assembléia de Jerusalém (Atos 15:28-29; 16:4; 21:25).

As pessoas que cometerem tais pecados deverão ser exortadas com amor, à luz da Palavra de Deus (Bíblia) e sem ameaças de qualquer ordem, a não mais os praticarem. Lembremo-nos sempre do que certa vez disse Jesus aos escribas e aos fariseus: “Quem dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra” (João 8:7).

João também escreveu dizendo: “Se dissermos que não temos pecado algum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não temos cometido pecado, nós o tornamos mentiroso, e sua palavra não está em nós” (1 João 1:8-10). João disse ainda que se pecarmos temos um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo, que é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo mundo (1 João 2:1-2).

O apóstolo Tiago também nos ensina que “se algum de vós se desviar da verdade e alguém o reconduzir a ela, sabei que aquele que fizer um pecador retornar do erro do seu caminho salvará da morte uma vida e cobrirá uma multidão de pecados” (Tiago 5:19-20).

Um dos maiores exemplos bíblicos do perdão divino acha-se em Davi. O rei Davi, de cuja linhagem humana descendeu Jesus, cometeu pecados graves, mas Deus o perdoou, mediante a confissão do seu pecado e do seu arrependimento. Ele escreveu: “Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada e cujo pecado é coberto” (Salmo 32:1). E: Confessei-te o meu pecado e não encobri minha culpa. Eu disse: confessarei as minhas transgressões ao Senhor; e tu perdoaste a culpa do meu pecado. Assim, todo homem piedoso te fará súplicas em tempo de poder te encontrar” (Salmo 32:5-6).

Porém, estejamos atentos às advertências contidas em Romanos 6:12-13: “Portanto não reine o pecado em vosso corpo mortal, a fim de obedecerdes aos seus desejos. Tampouco apresenteis os membros do vosso corpo ao pecado como instrumentos do mal; mas apresentai-vos a Deus como vivificados dentre os mortos, e os membros do vosso corpo a Deus como instrumentos de justiça”; em Hebreus 10:26-27: “Se continuarmos intencionalmente no pecado, depois de receber o pleno conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma terrível expectativa de juízo e um fogo ardente que destruirá os adversários”; e no capítulo 12 e versículos 16 e 17 do mesmo livro: “Ninguém seja imoral ou profano, como Esaú, que por uma simples refeição vendeu o seu direito de primogenitura (...) e não achou lugar de arrependimento, ainda que o buscasse com lágrimas”.

Outrossim, não encontramos base bíblica neotestamentária para a exclusão ou o afastamento temporário de membros do seio da igreja. A salvação é individual, e aqueles que tomam as atitudes descritas nas três últimas citações bíblicas acima, receberão sobre si os castigos descritos nas Sagradas Escrituras, sem a necessidade de qualquer ato restritivo da liberdade litúrgica (“perda da liberdade”) por parte do Ministério da igreja. Está escrito: “a obra de cada um se manifestará; pois aquele dia a demonstrará, porque será revelada pelo fogo, e o fogo testará a obra de cada um” (1 Cor. 3:13); e também: “(...) as boas obras aparecem com antecedência, e as obras más não podem permanecer ocultas” (1 Timóteo 5:25).

Temos plena ciência do texto de 1 Coríntios, capítulo 5, e da punição que Paulo sugere que se faça. Entretanto, salientamos que ali ele se referia a práticas específicas daquela igreja, e que extrapolavam até mesmo os limites morais das pessoas mundanas, sendo, portanto, completamente intoleráveis aos cristãos. Corresponderiam hoje, em gravidade, a atos tais como estupro e práticas incestuosas que, além de pecados, são crimes, puníveis não somente pela lei de Deus, mas também dos homens. É por essa razão que o apóstolo já inicia o capítulo dizendo: “De fato, ouve-se que há imoralidade entre vós, e imoralidade do tipo que nem mesmo entre os gentios se vê, a ponto de alguém manter relações sexuais com a mulher de seu pai” (1 Cor. 5:1).